Recuperação Judicial é um tema cada vez mais debatido no Brasil. De acordo com o Serasa, até agosto de 2019 foram contabilizados 936 pedidos de recuperação judicial, sendo que 767 foram deferidos – destes, 418 foram concedidos e aceitos pelos credores.
Diante deste cenário, alguns casos se tornaram emblemáticos e ganharam cada vez mais interesse do público e da mídia. Reunimos alguns dos principais processos de recuperação judicial que se iniciaram nos últimos anos e seus efeitos para o mercado. Confira:
Avianca
A companhia aérea Avianca Brasil foi fundada em 2010 e, apenas oito anos depois, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial. Em um processo que já dura quase um ano, a então quarta maior empresa aérea do País soma mais de R$ 2,8 bilhões em dívidas aos credores e cerca de 2 mil funcionários desempregados – além do cancelamento de centenas de voos, prejudicando milhares de consumidores. Desde maio, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) suspendeu as operações da Avianca. Apesar do Tribunal de Justiça de São Paulo ter decidido manter o plano de recuperação judicial da companhia no último mês, o mercado de aviação especula que a falência da Avianca Brasil deva ser decretada ainda este ano.
Forever 21
Em setembro de 2019, a empresa norte-americana Forever 21 anunciou que pedirá recuperação judicial nos EUA. A varejista fast-fashion, fundada em 1984, teve dificuldades em se adaptar ao crescimento do comércio eletrônico e a demanda cada vez maior de consumidores que buscam opções sustentáveis relacionadas ao impacto ambiental e social da produção. A dívida é estimada entre U$S 1 bilhão e US$ 10 bilhões e cerca de 350 de suas 800 lojas ao redor do mundo devem fechar as portas – 36 unidades estão no Brasil, mas ainda não há informações sobre um possível encerramento da atividade de algumas dessas unidades.
Grupo Moreno
Com mais de 60 anos de história, o grupo sucroalcooleiro Moreno iniciou sua recuperação judicial em setembro de 2019, após uma combinação entre problemas em negociações com bancos, grande período de inadimplência e dificuldade de adaptação aos constantes ciclos de baixa nos preços internacionais do açúcar. Com dívidas de quase R$ 2 bilhões, a empresa não paga seus fornecedores de cana desde agosto. O mercado comenta sobre a venda de ativos do Grupo, como uma das três fábricas localizadas no interior de São Paulo.
Odebrecht
Repleto de polêmicas, o Grupo Odebrecht entrou com pedido de recuperação judicial em julho de 2019, com uma dívida de mais de R$ 98 bilhões – é a maior recuperação judicial da história do País. Uma combinação da recessão econômica com os efeitos de ser um dos principais alvos da Operação Lava Jato fez com que o conglomerado tivesse muitas dificuldades em obter novos contratos e créditos. 21 empresas do conglomerado foram incluídas no plano do Grupo, que chegou a ter mais de 180 mil funcionários em 28 países – atualmente, a Odebrecht conta com 48 mil colaboradores e atuação em 14 países.
Saraiva
Maior rede de livrarias do Brasil, a centenária Saraiva passou por uma profunda crise nos últimos anos, o que levou ao fechamento de diversas lojas e ao endividamento com seus fornecedores. O pedido de recuperação judicial aconteceu em novembro de 2018 e o plano foi aprovado pelos credores em agosto de 2019, que contempla o pagamento de uma dívida de R$ 675 milhões.